Не переживай, Странник, быстро поднятый ангел падшим не считается.
Не переживай, Странник, быстро поднятый ангел падшим не считается.
Существо, известное под именем Бишу-ду-Сидран, первоначально было человеком, пастухом из Монтаду-ду-Сидрау в приходе Куррал-дас-Фрейрас на острове Мадейра. Однажды он потерял свою любимую собаку и в полном отчаянии произнес про себя обещание дьяволу обменять свою собственную душу на потерянного пса. Животное вскоре вернулось, а пастух после смерти превратился в странное призрачное существо. О нем известно только то, что он водит по горам невидимое стадо и что его крики, которые звучат точь-в-точь как голос ягненка, предвещают дождь или бурю. Однако, похоже, люди не слышали их уже довольно давно.
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O som é aterrador e toma conta do corpo e do espírito de quantos o ouvem, num misto de desassossego e angústia, num desejo de fugir e de ficar, numa ânsia indizível de despenhamento. Parece um uivo mas é também um grito, profundo e rouco que devia vir das entranhas da terra mas surge inesperado do alto da serra. São centenas de gargantas escancaradas e escarpadas gemendo alto uma dor qualquer que é natural, e por isso mesmo, sem tempo e sem fuga. (...)
O Pico Cidrão é uma serra quase inacessível ao homem. Habitam-no o vento e a águia. Constituído por rocha basáltica, negra e dura, é todo ele recoberto de cavernas abertas como bocas escancaradas.
Conta-se que há tempos habitou aquelas paisagens abruptas e quase inexpugnáveis um pastor. Esse homem tinha um cão que era o único e fiel amigo de muitas solidões. Habituado àquelas lonjuras feitas de escarpas, o cão tornara-se quase tão bom saltador quanto as cabras que guardava.
Um dia, recolhia o pastor o seu rebanho, o cão, que andava atrás de um animal extraviado, calculou mal o salto e despenhou-se no vácuo, resvalando de escarpa em escarpa. Rolou; rasgou-se nas lâminas de pedra num uivo de dor imensa e acabou sendo ele mesmo um pouco de cada rocha.
Como sempre ante o irremediável, o ser humano segue um de dois caminhos: ou se fecha num castelo inexpugnavelmente seco e silencioso, ou retribui à Natureza o golpe inexplicável e sempre tão aparentemente inútil que é a morte, num grito feroz de lágrimas.
E o pastor fez-se eco do uivo do cão:
- Que mãe és tu, que me rouba o irmão, o amigo!...
Tu, que tudo me tens negado, tu, vens tirar-me o companheiro da minha vereda!! Maldita sejas! Maldita... e só, para sempre! Ah! Antes o tivesse um dia oferecido ao Demo!...
O vento tomou conta do uivo e da maldição, e das palavras fez sibilações. Enquanto o pastor viveu, guardou-as nas cavernas do Pico, escondidas e secretas, onde só a águia penetrava para as limpar da poeira do tempo. Quando, por fim, o pastor se foi juntar ao companheiro de outrora, o vento ordenou à águia que soltasse o uivo e a maldição que num eterno jogo de escondidas habitam desde então as alturas do Pico Cidrão.
Dizem as gentes da região que aquele grituivo aterrorizante provém do ser híbrido e demoníaco que são os espíritos dos dois amigos, finalmente um só, o Bicho Cidrão.
Source: https://curraldasfreiras.com/bicho-do-cidr%C3%A3o
Medonho, Aterrador, Petrificante. Assim é o som que se apodera do corpo e alma de todos quanto o ouvem, despertando a angústia, inquietação e ânsia mais profundos que o ser humano nem imagina que existem dentro de si.
Uivo ou grito? Não se distinguem…o urro profundo, rouco e abafado, espelhando uma dor profunda e desumana que deveria vir lá de baixo das escarpas, espalha-se despodoradamente no alto da serra, sem receios ou limitações. Na Madeira, conhecido como Bicho Cidrão.
Na ilha da Madeira, a sumptuosidade e rude beleza não passam despercebidos, sendo habitado por cavernas, vento e águias, onde o homem quase não chega. Falamos do Pico Cidrão sobre o qual versa a nossa lenda.
Diz-se que em tempos, ali viveu uma pastor e o seu cão, seu único e fiel amigo que em toda aquela solidão o acompanhava dia e noite.
Tão ágil era o cão como as cabras que guardava, saltando de escarpa em escarpa com mestria. No entanto, um dia, enquanto o pastor recolhia o seu rebanho, o cão decerto distraído por algum animal extraviado do rebanho, calculou mal o salto que fizera já milhares de vezes, e caiu no vácuo. Rolou, arranhou-se, despedaçou-se em cada rocha em que embatia, num uivo terrível de dor, terror e desespero.
Ora o nosso pastor, chorou amargamente a perda do seu grande amigo e companheiro gritando tão alto para os penhascos, que a sua voz, ressoou além mar, amaldiçoando tudo e todos sublinhando a triste sorte, o golpe do destino, a sua vida miserável e solitária existência:
-“Maldita sejas, antes o tivesse oferecido ao demo!”
O vento começou subitamente a soprar, feroz, inclemente, soltando roncos assustadores, ecoando a maldição do pastor. As palavras tornaram-se síbilos, guardadas em segredo numa gruta do Pico, onde só as águias conseguiam penetrar.
Quando finalmente o pastor deixou este mundo, o vento ordenou à águia que soltasse o uivo e a maldição que num eterno jogo de escondidas habitam desde então as alturas do Pico Cidrão.
Dizem aqueles que habitam nas redondezas, que aquele som aterrorizante, provém do ser demoníaco e sobrenatural, união dos espíritos dos dois amigos, o Bicho Cidrão.
Source: https://www.municipiosefreguesias.pt/lenda/15/o-bicho-cidrao---madeira
Nas proximidades do Pico Ruivo existe o Pico Cidrão. Zona de fauna descendente dos primitivos javalis africanos, que os Donatários mandaram trazer para ali, com predominância para as cabras e o chamado «porco bravo, que por ali escadeiam sob a vigilância dos pastores. «Diz a lenda que, uma vez, por aqueles despenhadeiros andava um Pastor com o seu cão, na faina de colher as cabras e os porcos que se refugiavam nas zonas de mais perigoso acesso. Num salto infeliz o pobre cão resvalou e foi rolando e desfazendo-se pelas escarpas da montanha. Então o homem, num acesso de raiva, gritou que mais valia ter dado a alma ao diabo que perder aquele cão... Passou o tempo. Morreu o pastor o desde então, diz o Povo, nunca mais deixou de se ouvir o uivo do cão e a praga do pastor misturados num som rouquenho que atemoriza as gentes.
Na Casa de Abrigo, no alto do Pico Ruivo, quando os visitantes se aconchegam ao calor da lareira e cá fora o vento e a chuva formam um conserto infernal, é frequente ouvir-se o som rouquenho que afirmam ser o uivar do cão que se despenhou e a praga do pastor que antes quisera dar a alma ao Demo... — É o Bicho Cidrão! É o Bicho Cidrão! E os que ouvem aquele som estranho, aterrorizados, benzem-se, rezando o credo em cruz, para afastar esse espírito maligno do Bicho Cidrão, que vagueia pelo mundo para perdição das almas... » — Visconde do Porto da Cruz, in «Folclore Madeirense»
Source: PIO, Manuel Ferreira O Concelho de Santana - Esboço Histórico, sem editora, 1974, p.34
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